Programa 4d - O que é?

 

O 4d é um programa de prevenção universal, curricular, que procura, através das suas dinâmicas, prevenir o envolvimento em comportamentos de risco e promover comportamentos saudáveis.

As dimensões centrais desta intervenção são quatro:

(1) Violência no namoro e entre pares;

(2) Comportamentos sexuais de risco;

(3) Consumo e abuso de substâncias

(4) Questões de género.

O Programa 4d é a tradução e adaptação autorizada do The Fourth R, desenvolvido e testado no Canadá pelo Centre for Prevention Science, coordenado pelo Dr. David Wolfe (http://www.youthrelationships.org)

No Canadá este programa tem demonstrado a sua eficácia na modificação positiva dos conhecimentos, das atitudes e dos comportamentos dos adolescentes (Wolfe et al., 2005).

Em Portugal, também já existem dados disponíveis sobre a implementação piloto que poderão consultar em Avaliação do impacto

Objetivos

O programa 4d não se afasta dos pressupostos do programa original. Os objetivos gerais incidem na informação fornecida, nas atitudes e valores dos adolescentes e na aprendizagem e treino de novas competências.

i. Fornecer informação necessária para uma tomada de decisão informada, relativamente às dimensões centrais da intervenção.

ii. Ajudar os alunos na clarificação dos seus valores e limites acerca dos seus relacionamentos, sexualidade, substâncias e questões de género.

iii. Ensinar competências de comunicação, negociação, adiamento e recusa para lidar com a violência, sexualidade, consumo de substâncias e questões de género.

iv. Fornecer oportunidades para praticar essas competências através da realização de jogos de papéis (dinâmicas de role-play).

Dez caraterísticas motivaram a seleção do Programa 4d:

i) O reconhecimento de que a escola não é apenas um espaço onde o ensino formal pode ter lugar, mas também um espaço para a aprendizagem de aptidões relacionais, no qual deve ser possível aprender, treinar e experimentar competências de relacionamento positivas;

ii) A resposta à necessidade de realizar uma intervenção holística e integrada capaz de responder à constelação de fatores que têm lugar na adolescência, numa abordagem que abandona a focalização num único factor de risco e direciona a ação para múltiplos fatores

iii) A intervenção junto dos adolescentes, reconhecendo a adolescência não apenas como um período complexo e de grandes mudanças mas, precisamente por isso, como uma janela de oportunidade para a prevenção de comportamentos de risco e para a promoção de comportamentos saudáveis;

iv) A importância atribuída ao treino de competências sistemático e específico, num contexto propício à experimentação, apresentando recursos didáticos facilitadores da aprendizagem de novas competências (e.g. assertividade, resolução positiva de conflitos, tomada de decisão informada);

v) A apresentação de materiais de apoio de fácil utilização e manipulação, estratégias interativas e desenvolvimentalmente ajustados;

vi) Uma base teórica coerente associada a uma metodologia de avaliação rigorosa, capaz de responder a questões acerca da sua eficácia nos diferentes domínios de intervenção — conhecimentos, atitudes, comportamentos e aprendizagem de novas competências — e os resultados promissores evidenciados;

vii) O facto de ser curricular, assumindo uma periodicidade e investimento temporal pouco comum neste tipo de iniciativas, assemelhando-se a uma disciplina normal;

viii) A implementação ser assegurada pelos professores, significando que ainda que haja um investimento inicial ao nível da formação destes na manipulação e utilização dos conteúdos e nas dinâmicas que compõe o programa, baseia-se numa lógica de auto-sustentabilidade, permitindo a autonomização das escolas nas iniciativas de prevenção.

ix) A eficiência na articulação entre os contextos escola, família e comunidade;

x) Por fim, uma razão chave: a disponibilidade dos autores em verem o programa ser traduzido, adaptado e experimentado em Portugal.

Fonte: Saavedra, R (2010). Prevenir antes de remediar: prevenção da violência nos relacionamentos íntimos juvenis. Tese de doutoramento. Universidade do Minho. Escola de Psicologia.